eduardo ortega e os transparentes
clique na foto para ampliar
fiquei muito feliz quando vi esse trabalho do Edu numa exposição na Escola São Paulo. é uma foto do estúdio montado para fotografar um trabalho da Rivane. Adorei esta foto: dá uma emoção, uma melancolia, uma coisa. Entrou para minha curadoria mental de trabalhos transparentes.
em 2003 comecei a reparar em trabalhos assim - pelados - que deixam aparentes as ferramentas: Eu estava fazendo uma escultura de cisne e tive que espetar um pincél na argila para o pescoço não tombar. O pincél espetado ficou bonito, vermelhinho, os pêlos se abrindo "num beijo". O trabalho acabou sendo o "Cisne com Pincél". As vezes desejo que todos os meus trabalhos sejam assim, depois não. Enxergar as ferramentas do mundo o tempo todo daria meio em pesadelo. Então acho que esses trabalhos transparentes são legais porque são meio raros, tipo acidente mágico. E não trazem um texto apregoando a importãncia do processo, mas são bonitos sendo. Estão mais para um olhar bobo apaixonado, acho.
queria encontrar um texto sobre isso, falando muitas coisas sobre um jeito mais incorporado e otimista de metalinguagem, sobre "a real", sobre afeto pelo processo, essas coisas. O David F Mendes está fazendo um filme cujas fotos dariam um capítulo. Já comecei várias vezes a fazer uma lista de trabalhos "making of", nunca consigo lembrar de muitos (aqui no blog estou conseguindo juntar: o Jasper Johns, o monstrengo do Mike Kelley, a bunda da Jemima Stehli, a barraca do Alexandre, o pepino do Lev Yelmaz, o livro do J M Coetzee, minha cara fotografada, essa foto do Edu, ouvi falar de umas telas de serigrafia do Fábio Gurjão que estou doida para ver. Estão todos no tag making of).
lembro que gostei do filme Full Frontal por causa disso, mas já não tenho certeza se cabe ou se está mais para metalinguagem explicadinha de "filme dentro do filme". o "samba de uma nota só" também não serve.
a lista dos transparentes sempre começa com o Machado de Assis, mas “veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcer-me o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus confrades, e acho que faz muito bem”.
Eduardo Ortega, "Adhesive tape and ants (after Rivane Neuenschwander)"
2 comentários:
Fabio deixou as telas lá em casa.. Vou fazer umas fotos e te mandar bjs Gisela
Postar um comentário