quinta-feira, 28 de junho de 2007

sapo bolha


meus palitos




Cisne com Pincél, 2003, argila, pincél e tinta acrílica
Dodói, 2003, argila, pincéis, madeira, jornal e tinta acrílica

terça-feira, 26 de junho de 2007

eduardo ortega e os transparentes


clique na foto para ampliar


fiquei muito feliz quando vi esse trabalho do Edu numa exposição na Escola São Paulo. é uma foto do estúdio montado para fotografar um trabalho da Rivane. Adorei esta foto: dá uma emoção, uma melancolia, uma coisa. Entrou para minha curadoria mental de trabalhos transparentes.

em 2003 comecei a reparar em trabalhos assim - pelados - que deixam aparentes as ferramentas: Eu estava fazendo uma escultura de cisne e tive que espetar um pincél na argila para o pescoço não tombar. O pincél espetado ficou bonito, vermelhinho, os pêlos se abrindo "num beijo". O trabalho acabou sendo o "Cisne com Pincél". As vezes desejo que todos os meus trabalhos sejam assim, depois não. Enxergar as ferramentas do mundo o tempo todo daria meio em pesadelo. Então acho que esses trabalhos transparentes são legais porque são meio raros, tipo acidente mágico. E
não trazem um texto apregoando a importãncia do processo, mas são bonitos sendo. Estão mais para um olhar bobo apaixonado, acho.

queria encontrar um texto sobre isso, falando muitas coisas sobre um jeito mais incorporado e otimista de metalinguagem, sobre "a real", sobre afeto pelo processo, essas coisas.
O David F Mendes está fazendo um filme cujas fotos dariam um capítulo. Já comecei várias vezes a fazer uma lista de trabalhos "making of", nunca consigo lembrar de muitos (aqui no blog estou conseguindo juntar: o Jasper Johns, o monstrengo do Mike Kelley, a bunda da Jemima Stehli, a barraca do Alexandre, o pepino do Lev Yelmaz, o livro do J M Coetzee, minha cara fotografada, essa foto do Edu, ouvi falar de umas telas de serigrafia do Fábio Gurjão que estou doida para ver. Estão todos no tag making of).

lembro que gostei do filme Full Frontal por causa disso, mas já não tenho certeza se cabe ou se está mais para metalinguagem explicadinha de "filme dentro do filme". o "samba de uma nota só" também não serve.

a lista dos transparentes sempre começa com o Machado de Assis, mas
“veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcer-me o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus confrades, e acho que faz muito bem”.


Eduardo Ortega, "Adhesive tape and ants (after Rivane Neuenschwander)"


alexandre making of


achei essa foto de um estudo de barraca do alexandre, feito no quarto, acho que há sete anos. gosto muito dessa foto. acho que essa barraca foi desembocar naquelas estruturas de cano de pvc bege com ou sem plástico que ele mostrou na luisa strina e no museu da pampulha.



alexandre da cunha, cobertura 1, museu da pampulha, 2005

segunda-feira, 25 de junho de 2007

mundo animal


click to enlarge

terça-feira 03 de julho tem abertura da exposição Mundo Animal, na Escola São Paulo.
tem trabalhos meus, do efrain, da rivane e outros bichos. Escola São Paulo - Rua Augusta, 2239

o meu é o coelho, na primeira linha , no meio. chama-se Rabisco, 2007, bronze e biscuit

a falta de contexto animal

"Senhoras e Senhores", ela começa. "Faz dois anos que estive nos Estados Unidos pela última vez. Na palestra que proferi naquela ocasião, tinha minhas razões para mencionar o grande fabulista Fraz Kafka, e particularmente sua história ' Um relato a uma academia', sobre um macaco educado, Pedro Rubro, que comparece diante dos membros de uma academia para contar a história de sua vida, de sua ascensão de fera a algo próximo do homem. Naquela ocasião, eu própria me sentia um pouco como Pedro Rubro e falei isso. Hoje essa sensação é ainda mais forte, por razões que espero fiquem claras para vocês.



quando estava procurando uma imagem da capa do "na praia" para o post anterior, vi que o ian mcewan, o salman rushdie e o j.m. coetzee são vetereanos de shortlist para o Booker prize, e acho q os três já ganharam. Acho que o j.m. coetze é o único que já ganhou duas vezes, algo assim.

fiquei surpresa porque nunca tinha ouvido falar de J M Coetzee, mas o livro que li ao mesmo tempo que o "na praia" foi " A Vida dos Animais", de J M Coetzee.


quem me deu A Vida dos Animais de presente de natal há uns 3 anos atrás foi o tiago. Quem já viu o
blog do tiago sabe que ele se interessa por assuntos sérios, guerras, deus e um monte de coisas científicas. Por isso não tinha lido até hoje A Vida dos Animais, achando que era um livro de filosofia complicadíssima. E é.

que loucura pode ser a falta de contexto na vida de um animal como eu! li o livro todo encafifando: que jeito estranho de escrever um livro acadêmico, inventando uma senhora fictícia que dá uma palestra! franzi bastante a testa e achei o tema interessantíssimo: Por que temos tanta certeza de que a vida dos animais não é tão importante quanto a vida humana e etc. ? Enquanto lia me senti um pouco macaca por estar lendo em português um livro escrito originalmente em inglês (The Lives of Animals) e pensei se realmente os cães e gatos pensam mas não falam a nossa língua, essas coisas.


agora, sabendo que A Vida dos Animais é literatura: que jeito estranho de escrever a história de uma senhora, fazendo o livro parecer um tratado de filosofia! O livro ganhou nobel de literatura. Talvez pela esquisitice mesmo. Deve ser meio o equivalente aquele "questionamento do suporte" de arte. Nunca pensei que literatura também tivesse aquela coisa de arte, que alguém - de preferência o artista - precisa apontar como arte, falar "É.", se não não é.


parece que Mr. Coetzee cria essas confusões com frequencia. Saiu livro novo dele agora: "Homem Lento", com alguma complicação também (a mesma velhinha da palestra aparece do nada e vira guru de um homem que perdeu uma perna, algo assim). Gostei do título "homem lento"... vou dar uma olhada no primeiro parágrafo. Tenho medo de ser alguma trip tipo Ítalo Calvino, do livro dentro do livro dentro do livro. Acho que metalinguagem está com tudo, mas chuto que hoje em dia dá para fazer metalinguagem de algum outro jeito, sem causar tontura. Talvez J M Coetzee possa entrar para minha lista de "trabalhos pelados", de estruturas aparentes, tomara.


A capa do A Vida dos Animais tem uma pintura bacana do Rodrigo Andrade que deve ser do começo dos anos 90. E a capa do homem lento de quem é? Fábio Miguez?




Putz, fui olhar e não é Rodrigo Andrade, é Fábio Miguez! de 89. A outra capa que eu pensava que era do Fábio Miguez, de quem será?

Coetzee, J. M. , 1940 - A vida dos animais ; São Paulo, Companhia das Letras, 2002

na praia

"Eram jovens, educados e ambos virgens nessa noite, sua noite de núpcias, e viviam num tempo em que conversar sobre as dificuldades sexuais era completamente impossível." , é assim que começa.

Impliquei com essa explicação adiantada e tive a impressão de que ele estava se desculpando, ou dando instruções para ler o livro naquele contexto.
derreti na segunda frase: "Mas nunca é fácil ".

o aviso do contexto me perseguiu. é trabalhoso lembrar a todo momento que a história acontece no começo dos anos 60, e não no século XIX (a problemática é muito casta). já tinha pensado esse comentário quando o noivo Edward me dobrou, nas últimas páginas: "Você não conhece nada disso, não é? Leva as coisas como se estivéssemos em mil oitocentos e sessenta e dois. Você nem ao menos sabe beijar."

o mcewan disse numa entrevista que livro que não tem nenhuma cena de sexo não presta. e o que há de sexo na história é muito, muito legal. ao longo do livro vai melhorando sem dó. também são muito legais as sensações do Edward como parte de uma família toda difícil. "Mas nunca é fácil." as últimas páginas são sensacionais e despenquei a chorar.

o livro é muito chique. curtinho, todo bonito, muito preciso, redondinho, uma bolinha de gude.



McEwan, Ian Na praia/ Ian McEwan ; tradução Bernardo Carvalho. - São Paulo: Companhia das Letras, 2007 Título Original: On chesil beach Copyright 2007 Ian McEwan Proibida a venda em Portugal

o demônio tipográfico

"Se isso serve de desculpa, foi só recentemente que me dei conta de que fico um pouco atordoado na sua presença. Nunca antes entrei descalço na casa de uma pessoa. Só pode ser o calor!" Como parecia superficial aquela frivolidade protetora. Ele parecia um tuberculoso fingindo que está apenas resfriado. Deu duas linhas em branco e reescreveu: "Sei que como desculpa é insuficiente, mas nos últimos tempos percebo que fico um pouco atordoado na sua presença. Que idéia foi essa a minha, de entrar descalço na sua casa? E quando foi que eu quebrei a beira de um vaso antigo antes?". Repousou as mãos no teclado enquanto enfrentava o impulso de datilografar o nome dela outra vez. "Cee, acho que a culpa não é do calor!" Agora o tom de humor fora substituído pelo melodrama, ou pelo queixume. As perguntas retóricas tinham algo de repulsivo; o ponto de exclamação era o primeiro recurso dos que gritam para se exprimir com mais clareza. Ele só perdoava essa pontuação nas cartas de sua mãe, onde cinco exclamações enfileiradas indicavam uma piada das boas. Ele girou o tambor da máquina e datilografou um "x". "Cee, acho que a culpa não é do calor." Agora o humor desaparecera, e um toque de autocomiseração se insinuara. Seria necessário recolocar o ponto de exclamação. Claramente, a função do tal ponto não era apenas a de aumentar o volume.
Robbie ficou mais quinze minutos mexendo no rascunho e por fim colocou folhas em branco na máquina e passou-o a limpo. As linhas cruciais ficaram assim: "Você poderia pensar que enlouqueci - por entrar na sua casa descalço, ou por quebrar seu vaso antigo. A verdade é que me sinto um pouco tonto e aparvalhado na sua presença, Cee, e acho que a culpa não é do calor! Você me perdoa? Robbie". Então, após alguns momentos de devaneio, com a cadeira inclinada para trás, em que ficou a pensar na página em que sua Anatomia tendia a se abrir nos últimos dias, recolocou a cadeira no lugar e, antes que conseguisse se conter, datilografou: "Em meus sonhos, beijo tua boceta, tua boceta úmida. Em meus pensamentos, passo o dia inteiro fazendo amor contigo."

(...)

"A palavra: tentava impedir que ela ressoasse em seus pensamentos, porém ela dançava em meio às suas idéias, obscena, um demônio tipográfico, sugerindo anagramas vagos e insinuantes - boteca, tabeco, cabeto. As palavras que rimavam ganhavam forma com base nos seus livros infantis - rodela de crochê em forma de rosa, trejeito facial, astro sem luz própria que gravita em torno de uma estrela. Naturalmente, nunca ouvira ninguém pronunciar aquela palavra, nem a vira em letra de fôrma ou a encontrara entre asteriscos. Ninguém na sua presença se referira à existência da palavra, e, mais ainda, ninguém, nem sequer sua mãe, jamais se referira à existência daquela parte de seu corpo que - disso Briony não tinha dúvida - a palavra designava. Ela não tinha dúvida de que era isso. O contexto ajudava, porém não era só isso, a palavra era coerente com seu significado, era quase uma onomatopéia. O arredondado das formas da segunda, terceira e quarta letras era tão claro quanto uma série de desenhos anatômicos. Três figuras ajoelhadas ao pé da cruz da quinta letra."


Ian McEwan, Reparação | Atonement, 2001, pgs. 106, 107 e 140.

sábado, 23 de junho de 2007

cozinha francesa, cozinha americana



click on images to enlarge

conto de primavera | conte de printemps, eric rohmer, 1990
drew barrymore, music and lyrics | letra e música, 2007

Pop Goes My Heart











my 30 pics:

Music and Lyrics



music and lyrics | letra e música, 2007, drew barrymore, hugh grant, how lovely

melhor peito do mundo (2)






paz vega em amante menguante, filme dentro do filme habla con ella, pedro almodovar, 2002.
chorei pela quinta vez.

melhor peito do mundo (1)







preciso de uma imagem do peito mais bonito do mundo. de cara só lembro de dois pares. aceito sugestões.

Laura Harring, Mulholland Drive, não gosto desse filme

sexta-feira, 22 de junho de 2007

cara de pau dos outros


Jemima Stehli, Strip No 3 - Critic
Jemima Stehli, Strip No 4 - Curator


lembro bem quando vi esse trabalho em 1999, pra falar a verdade nunca esqueci esse trabalho. a gente conhecia de vista essa artista, lá da escola, e ve-la pelada dava uma vergonha horrorosa, dava vontade de xingar a mulher. ainda dá, conhecendo de vista ou não. eu gostei na época, mas falei mal (disse que ela só tinha inventado o trabalho pra mostrar que estava com a bundinha tudo em cima (claro que foi isso mesmo)). agora gostei mais ainda. não acho bom, mas gosto. é uma cara de pau danada e tem esses fios pra lá e pra cá, a cara dos caras, a bunda é boa de olhar, tem o matthew collings que eu acho sexy, as cores dos fundos (tem outras fotos com vermelho, rosa, laranja, azul ). achei tudo uma graça, a jemima é fofa.

esse trabalho de baixo ela fez logo depois, em 2000. esse acho legal mesmo. o espelho aparecendo e tal. (aqui a artista não é a pelada, é a outra.)

Jemima Stehli, Self Portrait with Karen, 2000

minha cara

quinta-feira, 21 de junho de 2007

in memoriam


Esse trabalho morreu, tadinho, espatifado em uma viagem à Dinamarca.
Foi a primeira escultura em argila. O nome dele é Nessie, 2003.

classic rock

Strangers in the night exchanging glances


Jesus pulls a diciple out of the water


St Francis preaches to the animals on the purity of the heart


Mick Jagger and Brian Jones going home satisfied after composing I Can't Get No Satisfaction


meu pedaço preferido de entrevista deles:

Peter Fishli: It's a very subjective encyclopaedia. We were concerned with the simultaneity of minor as well as major events. We were working with whatever knowledge we'd retained about each topic. Let's say we were creating a sculpture about, for example, the construction of the pyramids: we wouldn't consult any history books. Sometimes, as in the case of the pyramids, mistakes were made.





Peter Fischli and David Weiss , "Suddenly this Overview" 1981, unfired clay

monstrengo 2


sou louca pelo luciano huck. pronto, falei.

ele é inteligente, ele é legal, ele "poderia estar sentado aqui conversando com a gente nessa mesa".
agora fundou essa escola meio global luz, camera e ação social .
amanhã vai lançar um livro, não gosto de livro de viagens, se não ia até autografar.
se eu fosse fischli and weiss faria uma argila luciano huck e angelica vão de táxi.

monstrengo


não tenho mais imagem de trabalho novo do mike kelley que o tiago pediu. os outros trabalhos nessa exposição hermafrodita eram uns desenhos horrendos (o nome da exposição era Hermaphrodite drawings).

esse monstrengo aqui é de 1999 e chama-se aerodinamic vertical to horizontal shift... não entendi nada, só gosto quando enxergo um hipopótamo. guardei essa imagem por causa desse cimentinho cascudo que diz que é fake cement. alguém sabe o que é cimento fake?

alguém tem o livro do mike kelley da phaidon? estou precisando de uma imagem de um trabalho chamado "Framed and Frame" que estou prestes a copiar descaradamente.

sábado, 16 de junho de 2007

Adoro


foto de uma página preferida do livro do George Condo, da Phaidon. o exemplar é do tiago e quem tem vários posts com imagens do Condo também é o tiago.

George Condo, Couple on Mattress, não sei a data

Esculturas Hermafroditas


Mike Kelley, Hermaphrodite Drawings, installation view, 2005
www.gagosian.com

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Bunda dos Outros


capa do livro "As meninas da Daspu", 2007

It's so Hard



screen shots do video. a música é do john lennon e dá título ao trabalho - It's so Hard.

mais fotos do video:

It's so Hard_pics